quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Turismo na Costa do Descobrimento

Como um modelo mental ultrapassado, prejudica um negócio bilionário.


Certa vez quando estagiava na ALERJ e tinha a oportunidade tomar contato com os jornais e revistas que as editoras enviavam para os deputados cariocas e fluminenses, li uma crônica do jornalista Sergio Cabral, pai do ex-Governador do estado do Rio de Janeiro, o titulo era “CIDADE DO RIO DE JANEIRO, UMA MOÇA BONITA DO CORPO DOENTE. Isto nunca mais saiu da minha mente. Depois de ler à crônica, meu olhar sobre o abismo que a Cidade Maravilhosa promovia entre os que a visitam e aos que lá vivem, me invadia como uma grande certeza. Realmente é algo brutal.
Certezas assim me tomam frequentemente, depois de 20 anos vivendo na Costa do Descobrimento, atuando nos setores público e privado, colaborando com entidades e fazendo o que eu chamo de “minha ouvidoria pessoal”, estou diante de outra certeza: estamos conduzindo mal o processo da atividade turística regional.
Por mais que cada um de nós possa apontar o ponto central desta problemática, entendo que a questão é outra: precisamos urgentemente mudar o modelo mental que nos referencia. Todos estão de acordo quando afirmamos que a infraestrutura é precária, que a capacitação empresarial está sem ações relevantes, que a qualificação da mão de obra não é priorizada, que nossas entidades de classe estão enfraquecidas.
São muitos interesses distintos. Como a comunicação está corroída, certamente as divergência e os atropelos são enormes. Sem ajuda dos setores mais estruturados os outros segmentos, nunca vão imaginar novos cenários, não conseguirão se encaixar de maneira positiva na cadeia produtiva. Sendo assim, as distorções que tanto nos atrapalham como destino turístico só vão se acentuar. Se fosse citar todos os diagnósticos, precisaria de muitas linhas...
Ser empresário do setor de turismo no Brasil nunca foi uma tarefa fácil. Até porque esta atividade nunca foi considera relevante no planejamento nacional. Conduzir uma cidade inteira que se sustenta desta atividade é uma tarefa quase impossível. O que fazer então?
Temos como vocação o turismo. Nossa indústria é a hoteleira. Somos um dos mais fantásticos destinos turísticos do Brasil, com enorme visibilidade internacional. Somos invejados por vivermos neste paraíso que é a Costa do descobrimento. Mas algo vai mal neste Éden baiano... Eu diria que precisamos de uma boa dose do óbvio: precisamos estar mais próximos. Só o exercício da comunicação, pode ajudar a mudar este modelo mental ultrapassado. Não dá para fazer atividade turística de maneira isolada, temos que mudar a mente e assumir um modelo de inclusão e colaboração.

Aqui estou eu com mais um certeza: somos a população mais miscigenada do Brasil. É aqui que ocorre a grande síntese da nação brasileira, do que é bom  e ruim  nesta  nação. Somos brancos, índios, asiáticos, afro descendentes e estrangeiros de todos continentes do mundo. Somos o “caldeirão” chamado Terra do Descobrimento, já que fomos o cenário da “invenção do Brasil”, bem que poderíamos ser também inventores uma nova maneira de pensar, quem sabe assim, nasce um novo Brasil.             

Anderson Quaresma (Geléia) é produtor associado do Grupo Axé Moi. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário