quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Antonella Yllana em "O Trem Sagrado"


Antonella, tenho 36 anos e também já tive muitos amores. Encontrei um homem interessante, parece que gosta de mim. Mas eu quero viver intensamente e não posso mudá-lo. É inteligente, bonito e 20 anos mais velho que eu. Estou triste porque não gostaria de terminar esta relação, mas a acomodação dele caminha para isso. Já conversei, cobrei uma mudança, mas nada mudou. Ele diz que estamos nos ”adaptando“. Ao lado dele tudo é muito tranquilo, mas é como se eu estivesse num trem e visse a vida passar… Você me entende? O que você faria no meu lugar? (Clara, S.P.)

Em seu livro “Mulheres que Correm com os Lobos” Clarissa Pínkola Estés escreve sobre a mulher selvagem que habita cada mulher e sugere que é imprescindível entrar em contato com ela para ter uma vida realizada. A fera dentro de Carla quer correr nua nos bosques, uivar para a lua cheia, sentir o coração em chamas, fazer sexo ardente. Ao seu lado, um homem inteligente, bonito, mais velho e acomodado lhe oferece hoje um amor tranqüilo, que ela buscou e encontrou, após ter tido muitos turbulentos amores, mas que não necessariamente consegue fazê-la vibrar.
Hoje o tarô oferece três cartas para Carla: o Cinco de Copas, o Príncipe de Paus e A Carruagem. O passado fala de dificuldades amorosas, decepções, obstáculos emocionais, situações complexas. Tudo isso a deixou mais forte. No presente, há uma intensa energia sexual e criativa, um estado extremamente passional, desejo de ação, uma necessidade imperiosa de não ficar parada, mas lutar por tudo aquilo que realmente importa. A tendência para o futuro sugere movimento em todos os sentidos: dar atenção aos chamados da alma e não estagnar de forma alguma. Viver o próprio destino. Manifestar a missão espiritual. Soltar os apegos para poder realizar todas os níveis do ser.
Há anos atrás, eu estava insatisfeita e decidi que tinha que fazer uma viagem espiritual. Depois disso, quase fiquei cega, resolvi apostar na profissão de escritora e terminei um relacionamento de dez anos. Foi muito duro. Mas hoje amo o que faço e sou apaixonada por meu atual marido, com quem vivo há nove anos. No entanto, não digo que eu tenha feito a coisa certa. Apenas fiz o melhor que pude na época. No amor não há certo e errado, há apenas os chamados da alma. Porém realmente é impossível mudar os outros.
Quando a insatisfação começa a gritar com muita força, é preciso olhar para dentro, ver o que podemos fazer para mudar a nossa situação, por dentro e por fora. Pois a vida é uma bênção e não há tempo a perder. Ter um relacionamento feliz tem a ver com realizar-se como ser humano. Se não amamos a nossa vida, o nosso trabalho, a nós mesmos, é impossível amar outra pessoa. Por isso, de vez em quando, é necessário reavaliar tudo, peregrinar em si mesmo, se arriscar, se aventurar em mudanças, para merecer aquela felicidade rara e preciosa que apenas é possível quando estamos loucamente apaixonados pela vida. Podemos sentar em um trem e ver a vida passar, ou podemos ser a vida conduzindo o trem para os sonhos que queremos vivenciar.  
Antonella Yllana é autora de seis livros, sendo que um deles, “A Ciência da Paixão”,
teve vários trechos citados no livro 11 minutos, de Paulo Coelho.
Facebook: Antonella Yllana
www.antonellayllana.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário