quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Antonella Yllana em Acontece o que a gente tece



Antonella, estou aqui no trabalho, no último plantão do ano... Como será 2012? Seria bom se pudéssemos nos transportar ao futuro e ver o que tinha acontecido. Depois, voltar no tempo e só tomar as ações certas... Mas aí está uma curiosidade de todos nós, prever o futuro... O Tarô faz isso? Ou é apenas instinto e suposição? Acreditamos no que queremos escutar e duvidamos daquilo que não nos agrada... Onde está a resposta? Como será o futuro? Gostaria de deixar minhas filhas bem... (Pablo, Rio de Janeiro)

A virada de um ano às vezes conduz à reflexão sobre o que poderia ter sido feito melhor. Há um pouco de arrependimento e a sensação de não poder voltar atrás nem mudar o que foi feito. Há uma mescla de esperança de que possa vir a ser melhor com o medo de cometer os mesmos erros. Pablo pergunta então se o tarô pode prever os acontecimentos para, a partir de então, só “tomar as ações certas”.
A resposta do tarô é o Três de Paus, a carta chamada Virtude. O caminho tem a ver com a compreensão de que a ação é conectada à responsabilidade. É preciso fazer aquilo que Pablo já sabe como fazer. Agir não apenas para o próprio bem, mas para o bem de todos os envolvidos. Em última instância, e dependendo da importância do legado que quer deixar para suas filhas, isso também significa agir para o bem de toda a humanidade. Nesta altura da caminhada, é imprescindível manter esta perspectiva. A ação responsável, que ele sente como correta, é a única que em longo prazo permitirá que a missão espiritual e os maiores projetos se realizem. O futuro é agora. E tudo indica que ele é luminoso.
Pablo diz: “Acreditamos no que queremos escutar e duvidamos daquilo que não nos agrada”. Queremos aquilo que queremos, e ás vezes não aceitamos o trabalho interno que precisa ser feito para chegar lá. Desejamos o caminho fácil, as respostas prontas, quando a resposta já está dentro de nós e sabemos o que há a ser feito.
Pablo, nem o tarô nem ninguém tem respostas absolutas, pois a vida é uma experiência relativa. Mas há conexões inegáveis, como aquela de um homem com seus filhos, de um peregrino com sua fé, da ação com a intenção. O tarô diz que se o objetivo maior por detrás de cada passo e cada ação for em benefício do todo, não será mais necessário prever o futuro.
Vejo as filhas de Pablo daqui a muitos anos. Elas estão conversando e olhando para trás. Vejo saudade em seus olhos e um sorriso em seus lábios enquanto se lembram do pai. Já não importa o quanto ele ganhou ou deixou de ganhar, os bens materiais que ele deixou para elas. Importam apenas os momentos insubstituíveis que passaram juntos, as lições de vida que ele compartilhou, quem ele foi, a perseverança que o movia e nunca o deixava desistir. Elas se sentem ricas porque herdaram o maior de todos os bens: o grande amor de um pai. 


Antonella Yllana é autora de seis livros, sendo que um deles, “A Ciência da Paixão”, teve vários trechos citados no livro 11 minutos, de Paulo Coelho.


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