quarta-feira, 5 de agosto de 2015

O acesso náutico de Porto Seguro, um legado esquecido.

Coluna de Anderson Quaresma, o Geleia

Gostaria de iniciar esta coluna, registrando um agradecimento a nossa editora Kassia Luana, em especial por sua determinação, em mundo cada vez mais digital, conseguir manter uma publicação regional com a qualidade do DezColado é realmente uma iniciativa, que merece reconhecimento.  
Enfim, vamos ao tema da nossa coluna, o acesso náutico de Porto Seguro, podemos concordar que é complicado falar de atividade náutica em Porto Seguro sem parecer redundante, tipo. Nossa! O colunista está falando do obvio... Mas se é tão obvio, mas tão obvio, por que não temos uma marina? Por que não contamos com um porto (por menor que fosse)? Por que, não temos mais pontos de amarras? Sinceramente, eu não sei a resposta... Observem vocês, que já tive a oportunidade de acompanhar, dois grupos internacionais que se empenharam neste tema do acesso náutico de Porto Seguro, grupos empresariais que já haviam manejado a implantação de marinas, em outras praias mundo afora, mas em Porto Seguro, não obtiveram sucesso...
Será que a região, que foi “encontrada” pelos navegadores portugueses do século XVI, não tinha nenhuma característica que favoreceria a atividade náutica? Será que estes navegadores, que percorreram todos os oceanos conhecidos pela humanidade, estavam errados?
Esta situação atual, do não aproveitamento desta via de acesso, do “fechar de olhos” para uma possibilidade de geração de emprego e renda tão obvia, me deixa com sensação de que estamos sendo desinteligentes... Neste caso é como se estivéssemos abrindo mão de uma vocação, começamos assim, a nação brasileira começa em Porto Seguro com a chegada da esquadra portuguesa pelo mar, nossa vocação cultural inicial é a náutica!  
Certamente, qualquer investimento requer estudos, mas no caso de Porto Seguro como acesso náutico, muitos destes estudos já foram contemplados, o próprio governo do estado, tempos atrás, através da SUINVESTE, fez estudos de batimetria, atualizou cartas náuticas, fez o inventário da oferta de pontos de amara, enfim, havia uma disposição para investir neste segmento, o que houve, porque pararam?
Poderíamos preencher paginas e paginas, só descrendo as vantagens de desenvolvermos o segmento náutico em Porto Seguro, mas o que mais choca é que nunca foi, tão necessário desenvolver setores produtivos sustentáveis como este, precisamos urgentemente de novos postos de trabalho, de divulgação em segmentos diferenciados de outras vias de acesso que não sejam o aeroporto é a estrada, mas absurdamente “vamos morrendo na praia”.
O Brasil possui artistas geniais, mas tem um que particularmente me encanta, o Alagoano Djavan Viana, em uma das suas canções ele diz: “Sabe lá, o que é morrer de sede em frente ao mar”...

Anderson Quaresma (Geleia) é produtor associado do Grupo Axé Moi.